Ao contrário do que muitos pensam, beijo, sexo e namoro podem ser mais simples do que imaginamos; é só uma questão de fazer as interrogações corretas e desvendar os significados. Assim, à medida que respondemos algumas perguntas, aparecem outras, que são respondidas e outras surgem, até nos conduzirem ao que realmente precisamos entender: beijo na boca é ou não é pecado?
Antes de qualquer coisa, porém, devemos saber que sexo antes do casamento é pecado e isso é fato. O apóstolo Paulo não nos deixa dúvidas: “Se alguém acha que está agindo de forma indevida diante da virgem de quem está noivo, que ela está passando da idade, achando que deve se casar, faça como achar melhor. Com isso não peca. Casem-se” (1 Coríntios 7:36).
Podemos começar, então, com o seguinte: o que é o beijo na boca? Bem, todos sabemos que o beijo é demonstração de carinho. Segundo o dicionário da língua portuguesa, beijo significa sinal de amor, afeição, veneração, contato leve. De acordo com os sexólogos, beijo na boca é iniciação sexual, é penetração e uma forma de sexo oral. Ele assim é entendido porque depois de beijar alguém, hormônios ligados à sexualidade começam a funcionar e isso é involuntário: qualquer pessoa saudável que beija é acometido de um intenso apetite sexual. Neste sentido, o beijo pode ser facilmente igualado as chamadas alternativas sexuais, ou seja, ao sexo oral, sexo anal, masturbação e por aí vai. E se sexo é pecado, o início dele também é, porque pertence ao ato.
O que a bíblia tem sobre as alternativas sexuais? Rebeca era virgem. Lemos em gênesis 14:16: “A jovem era muito bonita e virgem; nenhum homem tivera relações com ela”. Na bíblia, a palavra virgem é usada como símbolo de pureza moral e é usada também em sentido físico. Além de virgem, nenhum homem havia tido relações com ela. Isso parece sinônimo e redundante, porém, trata-se de duas coisas diferentes: Rebeca era fisicamente e moralmente virgem, ou seja, nunca havia tido nenhum tipo de experiência sexual, com ou sem penetração. As alternativas sexuais são maneiras de maquiar o ato sexual e tem o objetivo único de prazer a si mesmo. Além disso, está encaixado na fornicação que, etimologicamente, inclui uma variedade de atos obscenos, não apenas a relação sexual em si. Por tanto, também é pecado.
Daí surge a pergunta: o que é “apetite sexual”? Apetite sexual refere-se ao desejo de satisfazer necessidades sexuais. Lemos em Colossenses 3:15: Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: a prostituição, a impureza, a paixão, a vil concupiscência e a avareza, que é a idolatria”. Além de sabermos que o apelo do evangelho de Cristo é a negação de nossa própria natureza (e isso já explicaria tudo), é conveniente compreendermos o sentido da expressão “vil concupiscência”. Concupiscência e apetite sexual são sinônimos (inclusive no dicionário), havendo apenas uma variação de versões da bíblia. Segundo o dicionário, concupiscência significa também luxúria, lascívia e isso é claramente colocado nas escrituras como pecado (por exemplo, e, 2 Pedro 2.13 e em Apocalipse 18.9). Logo, concupiscência é pecado. Por tanto, qualquer forma de despertamento ou iniciação do sexo é concupiscência e ela deve ser amortecida (mortificada), partindo do princípio de que pecado é não estar onde Deus quer que estejamos (desobediência) e Deus nos instrui a mortificar a natureza humana.
Vamos recapitular: até aqui entendemos que beijo na boca é iniciação sexual, penetração, sexo oral e faz parte do que se chama de alternativas sexuais. Sendo assim, o beijo na boca é o início de um ato que, biblicamente, é vetado. E já que o sexo antes do casamento é pecado, o beijo também é. Partindo deste princípio, seria correto afirmar que beijar é perder parte da pureza sexual, e isso é reprovável diante dos olhos divinos (Efésios 5. 2-5), ainda que moralmente em nossa cultura, beijar seja absolutamente comum.
O meu pecado começa quando sinto desejo sexual por alguém ou por alguma situação. Assim, se abraçar fulano me traz sensações sexuais, e sei disso, se o abraço, peco. Se apertar a mão dele também me traz as mesmas sensações, também peco quando aperto sua mão. Meu pecado começa no meu limite. Porém, vale ressaltar que cientificamente, qualquer pessoa saudável, ao beijar alguém, ativa desejos e as tais sensações sexuais. Isso tudo faz parte do grande universo da concupiscência.
E onde o namoro se encaixa nessa história? Namorar é pecado? Não. Namorar não é pecado. Pecado é o que pode acontecer durante o namoro. Namoro significa cativar, inspirar amor, pretender o amor. E não há mal nenhum nisso. Quando namoramos, namoramos a alguém e não com alguém, porque cativamos alguém e não cativamos com alguém. Nesta perspectiva, namorar não é pecado desde que namoremos sem concupiscência, o que é muito difícil. Sobre isso, é válido ainda observar que na bíblia não encontramos sinal de troca de namorado (a), então, namorar é válido desde que não beijemos e não despertemos apetite sexual em nós e em nosso companheiro (a) e desde que não troquemos de namorado (a). Você consegue? Respondendo a pergunta que intitula este texto (“beijo ou não beijo?”), respondemos que a questão não é se vamos ou não beijar. Isso é uma decisão pessoal para os que entendem o beijo na boca como ato sexual. A questão é: se vamos fazer isso, façamos conscientes de que agregamos mais um pecado pra nossa coleção de coisas reprováveis diante de Deus. Lembre-se de que quem comete pecados sexuais peca contra si mesmo.
(Texto de Talita Oliveira)